Música regional tem influência de
vários ritmos e bons grupos e artistas realizam trabalho de qualidade
Catira, moçambique, Folias de Reis,
viola, bolinho caipira, taiada e marchinha. Todos estes são componentes de uma
cultura genuinamente valeparaibana, presentes na música, na culinária e nos
costumes da região.
O Vale do Paraíba sempre foi uma região de “entroncamento”, presente em todos
os ciclos econômicos brasileiros.
Foi assim no ciclo do ouro, do café, do leite, tratamento de doenças, tecnologia
de ponta, turismo ecológico e cultural.
A proximidade com o Sul de Minas, com o Litoral Norte e com a capital também
foram fatores que ajudaram a formar nossa gente.
E como definir a música regional?
Segundo a jornalista Vana Allas, autora do livro “Vale, Violões e Violas - Uma
Fotografia Musical do Vale do Paraíba”, “não temos como definir uma música
regional pura, pois sofremos a influência de vários ritmos”, declara
Vana.
“Eu percebi que existe algo na região que não é rock, pop, samba, mas que faz o
coração bater mais forte quando a gente ouve”, disse a jornalista.
Elpídio dos Santos - O grupo Paranga, de São Luís do Paraitinga, é um dos
pioneiros.
Nasceu na década de 70 com a determinação de defender e divulgar os valores
culturais do Vale.
Sua música tem a influência dos ritmos locais, catira, moda de viola, Folia de
Reis e Festa do Divino Espírito Santo.
Formado, em sua maioria por filhos do maestro Elpídio dos Santos, famoso por
ser o autor da trilha sonora dos filmes de Mazzaropi, o grupo Paranga nasceu
com o intuito de preservar a obra elpidiana.
Movimento de resistência - Em Paraibuna, nasceu em 1982, o grupo Rio Acima, um
movimento político-cultural formado por Eduardo Rennó, Dimas Soares, João Rural
e Mauro Campos.
“Nós tínhamos um certo discernimento e criamos esse movimento de resistência
para lutarmos contra o caos econômico/social vivido na cidade, após terminadas
as obras da represa”, declara o líder do grupo, Eduardo Rennó.
Hoje, Rennó, além das apresentações com o Rio Acima, dá suporte para novos
grupos.
“Depois de vários anos, a gente já conhece a linguagem e muitas pessoas nos
procuram. Também existem poucos produtores nesta área”, disse.
UMA HISTÓRIA DE AMOR, MÚSICA E AVENTURAS
A dupla Zezé e Simões se conheceu em São José dos Campos e firmou uma parceria
de sucesso no
amor e na música. São trinta anos juntos.
Nesta história contam-se vários festivais, andanças pelo Brasil e
participações
em projetos.
“Nas viagens nós colhemos do povo, o que depois devolvemos pela música”,
declara Zezé.
A participação nos festivais é lembrada com saudosismo pela dupla. ”Era um
espaço para troca
de experiências”, confessa Zezé.
Sua música fala um pouco de cada lugar. “Falamos da Mantiqueira, das alegrias,
enfim do povo”, resume.
Para o ano que vem, Simões lança um CD autobiográfico, com a participação de
Zezé, com o nome “Garimpeiro da Lua”, pela Fundação Cultural Cassiano
Ricardo.
GRUPO PIRAQUARA
Foi criado em 1987, com o objetivo de divulgar pesquisas sobre as manifestações
populares, que envolvem cantos e danças da cultura tradicional
valeparaibana.
Ainda esse ano, o grupo lança um CD, com a participação de músicos da região
que também participam do projeto como:
Zé Mira, Eduardo Rennó, Gabriela Delias, Zezé e Simões, Beto Jaguary, Julio
Neme e Almir Melo.
EM BUSCA DA MÚSICA REGIONAL
Quando teve a idéia de escrever um livro, Vana Allas queria divulgar a riqueza
musical existente no Vale do Paraíba.
Suas maiores dificuldades foram a seleção dos músicos que participariam do
trabalho e também uma denominação específica para o tema, música
regional.
Os trabalhos ganharam força com a ajuda do músico Eduardo Rennó (Rio
Acima).
“Tem muita gente boa que ficou de fora, mas da maneira como o trabalho foi
feito, abriu-se um espaço para que outros projetos aconteçam. Pretendo no
futuro lançar outros volumes”, declara a jornalista.
Participam do livro e do CD que o acompanha: o grupo Paranga, Déo Lopes, Rio
Acima, Zezé e Simões, Orquestra de Viola Caipira, Zé Mira, Beto Jaguary,
Margareth Machado, Marcus Flexa e Renato Teixeira.
“No momento esses grupos pesquisados são os que mais se assemelham com a
musicalidade regional. Com certeza no futuro serão outros. Mas, aí é que está a
poesia, mudar sem perder a originalidade, mesmo que ela venha de vários
lugares, presente na raiz de cada um”, conclui Vana.